Intervenção de Vasco Cardoso, membro da Comissão Política do Comité Central, Faro, 8ª Assembleia da Organização Regional do Algarve
Um partido mais forte para um Algarve com futuro
29 Novembro 2014
Uma sentida calorosa saudação a todos os delegados e convidados a esta 8ª Assembleia da Organização Regional do Algarve e, por vosso intermédio, aos trabalhadores e populações algarvias, desejando que hoje seja um importante dia de trabalho e de convívio e que no final desta Assembleia, saiamos daqui com um Partido mais forte, mais unido e mais determinado a levar por diante as exigentes e exaltantes tarefas que temos pela frente.
Com o dia de hoje culmina um longo percurso de preparação desta Assembleia, envolvendo mais 500 presenças de membros do Partido nas cerca de 40 pequenas e grandes reuniões realizadas e que testemunham uma opção diferente de intervenção política, baseada nos princípios de funcionamento do nosso Partido e que têm, na participação livre e consciente de cada militante, a sua principal força e única forma de estar.
Nestes últimos 2 meses de preparação mais intensa desta Assembleia, envolvendo os membros do Partido na região na definição das orientações, análises e propostas que estão patentes no Projecto de Resolução que hoje aqui aprovaremos, o Partido não só não ficou fechado dentro de quatro paredes, como teve de responder com grande determinação às exigências colocadas pelo aprofundamento da política de direita, às tarefas associadas à afirmação da alternativa patriótica e de esquerda, aos objectivos presentes no reforço da organização Partidária, e em particular, à acção de contacto com os membros do Partido. Tudo isto, torna ainda mais valioso o percurso que foi percorrido, confirmando de forma inteira, a identidade comunista do PCP.
Identidade que esta assembleia assume com orgulho, na linha das melhores tradições de luta das várias gerações de comunistas que foram obreiras da heróica história deste partido nos seus mais de 93 anos de existência. Identidade que, 40 anos depois da Revolução de Abril, confirma um Partido virado para o futuro, consciente das dificuldades mas confiante na capacidade transformadora do Povo português, seguro das suas próprias forças, disponível para assumir todas as responsabilidades que o povo lhe queira atribuir, preparado para intervir sejam quais forem as circunstancias que vida lhe venha a colocar pela frente.
Tal como revela o Projecto de Resolução que está em discussão, o Algarve tem estado sujeito à pior ofensiva desde os tempos do fascismo. Durante anos o PCP foi alertando, não apenas para as consequências da política de direita desenvovida por sucessivos governos, mas também para os riscos que envolviam a imposição a esta região de um modelo de desenvolvimento económico que desprezava o aparelho produtivo em deterimento da monoactividade do turismo e da especulação imobiliária. Bastou o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo a partir de 2007, para revelar que este modelo tinha e tem pés de barro.
Em cinco anos o PIB do Algarve caiu 14%, sendo a região do país mais atingida pela recessão económica da qual ainda não saiu. Só na Construção Civil foram liquidados mais de 11 mil postos de trabalho. A taxa de desemprego é a maior do país com cerca de 55 mil trabalhadores desempregados. Aliás, no ínício deste mês de Novembro, ao mesmo tempo que ouviamos os membros do Governo a propagandear a suposta descida da taxa do desemprego, acumulavam-se centenas de trabalhadores às portas dos centros de emprego de Portimão, Albufeira, Faro ou Loulé. Os salários também regrediram, em particular no sector da hotelaria com uma quebra de 150€ em termos nominais, em contraste aliás, com as notícias que nos inundam todos os dias a falar dos hotéis cheios e dos recordes na captação de turistas. Por outro lado, indústrias como a conserveira, a transformação de cortiça, a extracção e transformação de sal, a reparação e construção naval ou a extracção de pedras ornamentais, outrora importantes sectores produtivos no Algarve, têm hoje um papel quase residual. As pescas, pese embora as imensas potencialidades da região, continuam mergulhadas numa longa agonia, continuando a diminuir o número de embarcações e a cair o rendimento obtido das actividades do mar.