As recentes notícias vindas a público, dando nota da possibilidade de encerramento da maternidade do hospital de Portimão, merecem da parte do PCP não só o mais vivo repúdio, mas também, a exigência de um rápido e cabal esclarecimento por parte do Governo.
Na base destas notícias e das declarações de vários responsáveis pelos serviços de saúde no Algarve, está a crescente e permanente falta de médicos pediatras e obstetras no hospital de Portimão, assim como, o facto do número de partos supostamente realizados neste hospital ser inferior a 1500/ano. Ora, são exactamente argumentos desta natureza que deram cobertura ao encerramento de várias maternidades em todo o país por parte do anterior governo PS e que agora o Governo PSD/CDS quer recuperar.
São no entanto notícias que, apesar de causarem a justa indignação e revolta nas populações, só podem surpreender quem não compreender que a política que está em curso é de facto a da destruição do Serviço Nacional de Saúde. Tal como o PCP alertou, o processo de fusão dos hospitais de Lagos, Portimão e Faro e a criação do Centro Hospitalar do Algarve, conduziria à concentração e degradação dos serviços, ao encerramento de valências particularmente em Lagos e Portimão, ao aumento dos tempos de espera e deslocação assim como dos seus custos, ao afastamento das populações do acesso a serviços de urgência, consultas, tratamentos, internamentos e outros, à doença e morte prematura de algarvios e daqueles que visitam a região.
Infelizmente a vida está a dar razão ao PCP, com o caos instalado nas diferentes unidades de saúde regionais, a gritante falta de profissionais na região (faltam mais de 800 médicos, enfermeiros, auxiliares), a falta de equipamentos e materiais indispensáveis a diagnósticos e tratamentos médicos, tudo isto ao mesmo tempo que florescem as clínicas e hospitais privados na região e que beneficiam de escandalosos apoios públicos. Veremos se, por detrás da ameaça de encerramento desta maternidade, não se escondem entretanto outros negócios e projectos por parte dos grupos económicos privados a que o governo dá cobertura.
Na opinião do PCP, encerrar a maternidade é um crime contra as populações. Se tal medida fosse por diante, o Algarve, não só ficaria reduzido apenas a uma maternidade para cerca de meio milhão de habitantes aqui residentes, mas também, populações como as dos concelhos de Aljezur, Vila do Bispo, Silves ou Monchique ficariam, em alguns casos, a quase duas horas de distância da maternidade mais próxima com os riscos e custos que tal opção comporta.
O PCP considera que a resposta aos problemas que foram identificados nesta maternidade só pode ser encontrada, não no encerramento deste serviço, mas no reforço do numero de pediatras, obstetras, enfermeiros e outros profissionais de saúde; na reversão do processo de fusão dos três hospitais da região e o fim do Centro Hospitalar do Algarve; no reforço de verbas do Orçamento do Estado para o funcionamento e investimento nos hospitais e outras unidades de saúde na região. Uma resposta que reclama a imediata demissão deste governo, a convocação de eleições antecipadas e uma outra política patriótica e de esquerda que responda às necessidades do povo e do país.
O PCP, ao mesmo tempo que apela à intensificação da luta dos profissionais de saúde (como se está a verificar com a greve dos médicos desta semana que saudamos) e das populações com destaque para a acção marcada para a próxima 6ª feira, dia 11, em Portimão, reafirma que continuará a intervir em defesa do Serviço Nacional de Saúde questionando desde já o governo na Assembleia da República sobre as notícias vindas a público.
Faro, 9 de Julho de 2014
O Secretariado da Direcção da Organização Regional do Algarve do PCP