Intervenção de:
Jorge Pires, membro da Comissão Política do Comité Central
Iniciativa de rua, entre os mercados, em Olhão
Demitir o Governo! Defender salários e direitos!
29 de Agosto de 2014
Camaradas e amigos
Estamos a realizar este nosso comício aqui em Olhão, quatro dias depois de serem conhecidos os dados da execução orçamental dos primeiros sete meses do ano e um depois de ser conhecido o orçamento rectificativo aprovado pelo Governo.
Depois de analisados estes dois importantes documentos, importa perguntar a todos aqueles que em Abril de 2011 defenderam a entrada da Troika no país e assinaram o Pacto de Agressão, com o argumento de que não havia alternativa e que três anos depois o país estaria no bom caminho para resolver o problema da dívida, do défice e do crescimento económico, onde estão esses resultados prometidos?
Uma leitura atenta dos resultados da execução orçamental dos primeiros sete meses do ano, mostram um agravamento do défice orçamental em mais de 388 milhões de euros. Apesar da enorme carga fiscal a que os trabalhadores e as famílias estão a ser submetidos, apesar dos cortes dos salários, das pensões, das reformas e dos apoios sociais, a execução orçamental mostra um claro abrandamento da receita fiscal, a par do aumento da despesa, impulsionado pelo peso com o serviço da dívida, mais 14,8%, tendo pago até Julho 4 300 milhões de euros.
A acompanhar a queda contínua da receita do IRC desde o início do ano (- 8,9% até Julho) e a clara desaceleração do IRS (+6,2% até Julho, depois de ter iniciado o ano a crescer 24,2%) regista-se ainda uma redução das prestações sociais com o subsídio de desemprego que caem (15,2%), apesar do desemprego real continuar elevadíssimo, dos subsídios familiares a crianças e jovens (-4,5%), do complemento solidário para idosos (-16,6%) e do rendimento social de inserção (-7,1%).
Estamos assim perante uma situação em que a economia caminha para a estagnação e a recessão, as metas do défice e de crescimento do PIB para 2014 estão comprometidas, apesar do contínuo empobrecimento a que trabalhadores e as suas famílias continuam submetidos, como certamente acontece aqui em Olhão.