Iniciativas Centrais
Sessão Pública “Álvaro Cunhal e o PCP”
inserida nas comemorações do Centenário do Partido
Faro, 10 de Novembro de 2020
Intervenção de Celso Costa, membro do Comité Central do PCP
Camaradas e amigo
Sejam bem vindos à sessão pública “Álvaro Cunhal e o PCP”
Esta iniciativa que hoje realizamos aqui em Faro, integra o programa de comemorações do Centenário do Partido Comunista Português. Esta é a primeira iniciativa comemorativa dos 100 anos do Partido que promovemos na região. Outras se irão seguir num programa que envolverá todos os concelhos do Algarve, com sessões, debates, convívios, exposições, iniciativas de rua e comícios que não deixarão de estar ligados à actualidade, aos problemas e aspirações dos trabalhadores e do Povo e à intervenção presente e futura dos comunistas.
O filme que acabámos de ver intitula-se “ Álvaro Cunhal - Vida, pensamento e luta: exemplo que se projecta na actualidade e no futuro” e foi produzido por ocasião do centenário de Álvaro Cunhal e exibido pela primeira vez a 3 de Dezembro de 2012 durante os trabalhos do XIX Congresso do PCP que decorria então no Campo Pequeno em Lisboa.
Permitam-me a este propósito a seguinte observação - também agora, estamos numa fase decisiva de preparação do nosso XXI Congresso. Num processo que, apesar de todas as circunstâncias que marcam a nossa vida colectiva, incluindo na expressão sanitária, está a suscitar a participação de milhares de membros do Partido, incluindo de largas centenas aqui no Algarve, que não prescindem da sua contribuição militante na construção da análise e orientação partidárias. No fundo, pegando na feliz expressão de Álvaro Cunhal, é o nosso “grande colectivo partidário” a compreender e a enfrentar a situação, a dizer que é preciso continuar a luta, que os direitos dos trabalhadores e do povo português não podem estar confinados. Incluindo os direitos políticos, os direitos de participação na vida democrática, o direito de reunião e de manifestação.
Direitos que não são só dos comunistas, mas sim, direitos de todo o povo português, direitos que custaram muito a conquistar e que precisam de ser exercidos para ser mantidos e assegurados para o futuro.
A situação que o Algarve está a enfrentar demonstra que mais do que nunca, é preciso um Partido que defenda os direitos dos trabalhadores, vítimas de milhares de despedimentos e de todo o tipo de arbitrariedades que ocorreram nos últimos meses.
É preciso um Partido que enfrente a gula do negócio dos grupos privados da saúde e aponte o caminho de reforço urgente do Serviço Nacional de Saúde para combater a epidemia e cuidar de tudo o resto que tem ficado para trás.
É preciso um Partido que não se conforme com a monoactividade do Turismo e que coloque como questão estratégica a dinamização e a diversificação da actividade económica no Algarve.
É preciso um Partido que não prescinda de lutar para recuperar para o País aquilo que é do País, como os aeroportos, os correios ou a Via do Infante.
É preciso um Partido que combata as campanhas do medo e alarmismo e que aponte com responsabilidade, a necessidade da prevenção e da pedagogia da prevenção, do reforço do SNS como elemento central do combate ao vírus, mas que simultaneamente, coloca a necessidade de se prosseguirem as actividades económicas, culturais e desportivas, também elas essenciais à vida e à saúde do Povo português.
É preciso um Partido comprometido com a Constituição da República, comprometido com os valores de Abril e que não cede nem adormece perante a ofensiva reaccionária que aí está.
É preciso um Partido que dê confiança e força, que estimule a luta dos trabalhadores, dos pequenos e médios empresários, dos pescadores e agricultores, dos artistas e agentes da cultura.
É preciso um Partido que não veja o capitalismo como o fim da história e que associe a sua acção na situação presente, aos objectivos supremos que norteiam a sua luta, a construção de uma democracia avançada e do socialismo em Portugal.
Esse partido é o PCP, partido a quem Álvaro Cunhal dedicou grande parte da sua vida, tornando-se no seu mais destacado construtor.
Muitas vezes temos sublinhado a importância, decisiva para o Partido Comunista Português, da adesão de Álvaro Cunhal ao ideal e ao projecto comunistas – adesão que, no seu caso concreto, foi também uma opção de vida, concretizada na entrega total ao seu Partido.
Muitas vezes temos sublinhado a superior estatura política, ética, intelectual, humana, revolucionária de Álvaro Cunhal, expressa numa vida e numa obra singulares.
Muitas vezes temos sublinhado a riqueza da actividade intelectual de Álvaro Cunhal, criadora, para além de uma obra artística de grande qualidade, de uma produção teórica traduzida num notável corpo de pensamento político, económico, social, cultural, que constitui elemento incontornável para a abordagem da história portuguesa do século XX e que se traduziu num contributo marcante para o desenvolvimento criativo do pensamento de Marx, Engels e Lénine.
E muitas mais vezes haverá que fazer esses sublinhados – sempre tendo em conta na nossa actividade de militantes comunistas a vida, a obra e o exemplo do camarada Álvaro Cunhal. É por isso de inteira justiça que nas comemorações do centenário do PCP possamos realizar aqui esta importante sessão pública.
Camaradas e amigos
Quero também deixar aqui um apelo à participação e dinamização de apoios à candidatura de João Ferreira a presidente da república. Estamos a trabalhar na recolha de mais de mil proposituras aqui no Algarve e a partir do próximo fim-de-semana iniciaremos as acções de rua de contacto com as populações. Com confiança e determinação vamos dar força à nossa candidatura, à candidatura dos valores de Abril.
Quero ainda lembrar o seguinte. Como foi dito no início, esta é uma das muitas iniciativas de comemoração do centenário do Partido. Mas existe uma muito especial, que ocorrerá precisamente a 6 de Março de 2021, no interior e exterior do Campo Pequeno em Lisboa. Trata-se do comício do centenário do PCP e para o qual estamos todos desde já convidados a participar.
Camaradas, a propósito do centenário do nosso Partido, termino com uma frase retirada do livro de Álvaro Cunhal - “O Partido com paredes de vidro”.
“A perspectiva histórica de um partido afere-se pelo que fez, pelo que faz e pelo que mostra estar em condições de fazer. Afere-se pela ligação do seu ideal, dos seus objectivos, da sua acção à classe ou classes às quais historicamente o futuro pertence. Neste duplo aspecto se afere e revela a perspectiva do PCP e se fundamenta a sua profunda e inabalável confiança no futuro.”
Viva o Partido Comunista Português!!!