O Avante! nasceu no dia 15 de Fevereiro de 1931 (na sequência da reorganização do PCP de 1929, que, com Bento Gonçalves como Secretário-Geral, fizera do PCP um Partido de novo tipo, preparado para enfrentar, na clandestinidade, a longa e negra noite fascista). Exactamente 10 anos depois da fundação do PCP.
Entre 1931 e 1941, o Avante! teve uma vida irregular ditada por momentos de grandes tiragens (chegaram a distribuir-se mais de 10 000 exemplares), inconstante na periodicidade: ora semanal, ora quinzenal ou mensal e com momentos de interrupção. Mas, a partir de 1941, com a reorganização do PCP de 1940-41, que viria a criar as condições para a transformação do PCP num grande partido nacional, no grande partido da resistência e da unidade antifascistas, na vanguarda revolucionária da classe operária, o Avante! estabilizou a sua publicação, de tal modo que, de Agosto de 1941 a 25 de Abril de 1974 foi publicado ininterruptamente sempre composto, impresso e distribuído no interior do País, assim se afirmando como o jornal comunista que, a nível mundial, mais tempo resistiu com êxito à clandestinidade – 43 anos.
O regime fascista e os seus algozes quando aplicavam duros golpes na organização e nas tipografias clandestinas do Partido exultavam e tal como algumas aves agoirentas actuais, lá vinha o anúncio do fim do Avante! e do fim do Partido. Mas o Avante! voltava sempre! Porque continuava a haver Parido!
E valeu a pena a reorganização do PCP e as medidas tomadas. De 1943 a 1946, foi tal o reforço do PCP que os seus militantes aumentaram seis vezes, as organizações locais cinco vezes e a tiragem do Avante!, quatro vezes, reforço que se traduziu, com o apelo e a organização do PCP, no desencadear das grandes lutas travadas nesta década, as maiores greves e manifestações que o fascismo enfrentara até então.
Um êxito só possível pela dedicação e a coragem ilimitadas dos seus construtores, muitas vezes pagas com a prisão, a tortura e a morte como foi o caso da camarada Maria Machado, e dos camaradas José Moreira, José Dias Coelho e Joaquim Rafael.
O primeiro número do Avante! após o 25 de Abril foi publicado no dia 17 de Maio de 1974. Na primeira página podia ler-se «Os comunistas no Governo provisório», um expressivo exemplo da liberdade de informação acabada de conquistar.
Nos dias e meses que se seguiram até à formação do I Governo Constitucional, o Avante! foi a voz das massas conquistando as liberdades, obrigando à libertação dos presos políticos, exigindo o fim da guerra colonial, batendo-se pela Reforma Agrária, pelas nacionalizações e o controlo operário, reclamando direitos; foi a voz da aliança povo-MFA, continuou a ser o órgão central do PCP, o Partido da luta contra o fascismo mas também o Partido das conquistas revolucionárias, colocando os primeiros tijolos do novo edifício de uma democracia avançada, política, económica, social e cultural, que a Constituição da República de 1976, de que este ano comemoraremos o 40.º aniversário, viria a consagrar.
Com o início da contra-revolução, de liquidação das conquistas de Abril e de recomposição do capitalismo monopolista, de ataques brutais aos direitos dos trabalhadores do povo e do País, de graves limitações e comprometimento da soberania e independência nacionais, o Avante! torna-se o porta- voz da resistência, das lutas dos trabalhadores e do povo contra a política de direita.
Hoje, como sempre, nesta gloriosa e heróica história de vida, o Avante! como órgão central do PCP é o porta-voz da ruptura com a política de direita e por uma alternativa patriótica e de esquerda, componente indissociável da luta por uma democracia avançada com os valores de Abril no futuro de Portugal, a luta pelo socialismo e o comunismo.
Camaradas,
Comemoramos o 85.º aniversário do Avante! No quadro de uma campanha de divulgação do órgão central do PCP decidida pelo Comité Central que agora se inicia e que vamos desenvolver ao longo do ano, inserida na acção de reforço do Partido.
O reforço do Avante! significará sempre reforço do Partido e sem reforço do Partido é impensável o reforço do Avante!.
Nesta campanha, que vai envolver todas as organizações do Partido, temos que procurar respostas concretas para questões como: sendo o Avante! um instrumento fundamental na vida do Partido e para a intervenção esclarecida de cada um dos seus militantes e amigos, que fazer na nossa organização para fazer chegar o Avante! a muitos mais militantes? Como fazê-lo chegar, de modo particular, aos novos militantes? Como fazer chegar o Avante! aos trabalhadores e ao povo, nas empresas, locais de trabalho e nas ruas? Como promover a divulgação do Avante! aumentando o seu prestígio e influência social e política, e o prestígio e influência social e política do Partido? Que fazer para melhorar o Avante! para o tornar mais acessível e atractivo aos trabalhadores e aos reformados, mas também aos micro, pequenos e médios empresários e agricultores, aos intelectuais e quadros técnicos, às mulheres e aos jovens, de cujos interesses, direitos e aspirações se constitui única voz, no panorama da imprensa portuguesa; como fazer do Avante! ainda mais o espelho da actividade do Partido? Que contributo pode dar cada militante e a organização para o melhorar, para o promover, divulgar, vender, ler ainda mais?
Uma coisa é certa: é possível aumentar a venda do Avante!.
Na sua reunião de 8 de Novembro de 2015, o Comité Central decidiu entre as medidas e tarefas imediatas do Partido a celebração deste aniversário no quadro de uma campanha de divulgação do Avante! que, como sublinha a Resolução Política do nosso XIX Congresso continua a ser um «instrumento de relevante importância para a ligação do Partido às massas e meio de contacto entre o Partido e os seus militantes e amigos».
Mas o Avante! é também hoje, num quadro em que os órgãos da comunicação Social são ferramentas controlados pelo poder do grande capital, orientados para promover e defender os interesses dos grandes grupos económicos e financeiros, para veicular e servir de suporte à ideologia dominante, para atacar os valores de Abril, para silenciar, denegrir, deturpar ou desvalorizar os interesses e as lutas dos trabalhadores e do povo, para desvalorizar, em particular o valor do trabalho e a dignidade dos trabalhadores, para silenciar e deturpar a acção dos comunistas e o ideal e projecto por que lutam, para desvalorizar o próprio valor da vida humana, para manipular e mentir, para silenciar e deturpar a luta dos povos pelo progresso, a paz e a cooperação e a sua resistência ao imperialismo, para silenciarem a profunda crise sistema capitalista, o Avante! é o jornal de que os trabalhadores e o povo precisam para se informarem sobre o que se passa no País e no mundo, repondo a verdade que as televisões não mostram, que as rádios não falam, os jornais não escrevem, afrontando a ofensiva ideológica anticomunista em curso, carregada de ódio, de mentiras e de calúnias e especialmente agudizada nos últimos tempos, esclarecendo-se sobre a actividade, as análises, as propostas, os objectivos, a orientação do Partido, no seu combate organizado com os trabalhadores e com o povo.
A par da intensificação da actividade (em todas as suas áreas de intervenção) e do reforço do Partido a difusão da imprensa partidária – do Avante! e de O Militante – é uma tarefa partidária da maior importância, que contribui para o reforço do Partido.
Muitas medidas podem e vão ser as a tomadas para colmatar dificuldades, mas a principal tarefa e desafio que temos pela frente é elevar a divulgação e venda do Avante!.
É pôr mais camaradas e amigos a adquirir e a ler regularmente o Avante!.
E para isso, são necessárias medidas orgânicas – também a este nível a organização é decisiva.
É preciso ponderar a tomada de medidas que deverão passar, entre outras, pela:
- responsabilização de quadros nas Organizações Regionais pelo Avante!;
- criação de estruturas estáveis nas Organizações Regionais (comissões nos diversos organismos, colectivos de difusores, etc);
- criação de linhas de direcção da divulgação junto dos militantes e, em particular, junto dos novos militantes, procurando desenvolver hábitos de aquisição e leitura regular do“Avante!”;
- concretização da venda a todos os militantes que manifestaram a vontade de adquirir o “Avante!” no âmbito da Acção de contactos com os membros do Partido;
- fazer o levantamento de camaradas e amigos a contactar para a compra semanal do Avante!, responsabilizando camaradas pelo contacto;
- organização regular de bancas de rua;
- responsabilização de camaradas pela distribuição domiciliária;
- aumento da rede de distribuição (com a reactivação e a criação de novas ADEs) e venda e promoção pública com bancas e outras acções de rua;
- promoção, divulgação e venda regular nas empresas e locais de trabalho (em articulação com as estruturas locais do Partido – células de empresa, etc)
- promoção de iniciativas regulares para discutir a imprensa partidária (debates, colóquios, reuniões de quadros, etc);
- cumprir com os pagamentos mensais à Editora;
- alargamento da rede comercial, em articulação com a Editora.
Em oitenta e cinco anos de vida o Avante! desempenhou um papel ímpar no quadro da imprensa portuguesa. Honrou a função para que foi criado. Foi dignamente a voz de uma causa, a causa da emancipação social e humana dos trabalhadores e do povo português. Foi um jornal de classe, a classe operária, dos trabalhadores, patriótico sem deixar de ser internacionalista. Foi, e é, o órgão central de um Partido que hoje luta num quadro muito complexo e difícil contra o ciclo de exploração e empobrecimento originado pela política de direita, destes últimos anos e que, de forma ainda muito limitada se tenta inverter, no quadro da solução política encontrada envolvendo o nosso Partido, em resultado da nova correlação de forças na Assembleia da República, determinada pelos resultados das eleições legislativas de 4 de Outubro.
Um quadro complexo e difícil, particularmente pelo que exige de permanente combate ideológico e não apenas político onde o Avante! tem um papel determinante a desempenhar.
Nós temos visto que cada pequeno avanço, cada pequena conquista conseguida, cada medida alcançada a favor dos trabalhadores e do povo, tem pela frente uma mobilização brutal de meios - uma barragem brutal de desinformação – contra os trabalhadores, contra os sindicatos, contra o nosso Partido e a sua luta pela reposição de direitos e rendimentos roubados e que fazem parte do compromisso.
Camaradas,
Estamos nesta nova fase da vida nacional agindo, propondo, lutando para servir os trabalhadores, o povo e o País, honrando os compromissos assumidos e, sempre e sempre, a estimular a sua participação na nossa vida colectiva e a sua luta.
Participação e luta que continuam a ser essenciais para assegurar o objectivo de defender, repor e conquistar direitos.
Nós sabemos que o caminho que estamos a trilhar e que se abriu com a nova situação não é fácil e não está isento de dificuldades, mas é nestas ocasiões que um Partido como o nosso é ainda mais preciso e a sua intervenção e iniciativa mais necessárias.
Temos muito trabalho pela frente que exige a iniciativa do Partido aos vários níveis, designadamente na Assembleia da República, com novas propostas e novos projectos, mas também empresas, nos campos, na rua e pondo em marcha uma campanha nacional sobre os direitos dos trabalhadores «Mais Direitos, Mais Futuro, Não à Precariedade» e a realização de uma acção junto dos reformados e pensionistas sobre os seus direitos e condições de vida.
Precisamos de continuar a concretizar as acções de reforço do Partido no âmbito da Resolução «Mais organização, mais intervenção, maior influência – um PCP mais forte».
Precisamos pôr de pé o programa de iniciativas do Aniversário do Partido.
Dar força e concluir a Campanha Nacional de Fundos «Mais Espaço, Mais Festa. Futuro Com Abril» até ao próximo mês de Abril.
Arrancar com a preparação da Festa do Avante! que terá lugar em 2, 3 e 4 de Setembro.
Iniciar o trabalho preparatório do XX Congresso, a realizar a 2, 3 e 4 de Dezembro.
Tudo isto e levar mais longe e mais profusamente o nosso jornal Avante!.
Este partido que comemora no próximo mês de Março 95 anos de vida enfrentou neste seu longo percurso de existência a mais brutal das intempéries e sempre com uma inquebrantável determinação surgiu a olhar em frente e apontar os caminhos do futuro.
É olhando em frente que continuamos hoje o nosso combate, tendo sempre presente esse percurso heróico e a memória viva da sua história exaltante que nos dá uma inabalável confiança.
Nós temos confiança neste Partido Comunista Português, no seu colectivo militante, na nossa juventude comunista, profundamente enraizado nos trabalhadores e no nosso povo.
Um Partido que mantém uma inabalável confiança na força organizada dos trabalhadores, de todos os democratas e patriotas que aspiram a outro rumo e a uma nova política ao serviço do povo e do País.
Viva o Avante!
Viva o Partido Comunista Português