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Intervenção de Celso Costa
Responsável pela Organização Regional do Algarve
Encontro Regional de Eleitos e Activistas CDU
Silves - 11 de Janeiro de 2025
 
 

Boa tarde a todos,

Começava por deixar uma forte saudação aos participantes neste nosso Encontro Regional, desejando a todos um bom trabalho.

Camarada e amigos,

Em Outubro de 2023 realizamos, também aqui no concelho de Silves, um Encontro CDU no qual se analisou a situação política e social da altura, discutiu-se a nossa intervenção autárquica e avançamos na preparação destes anos de final de mandato, com confiança no trabalho realizado e a prespectiva da sua continuação. Uma boa discussão, que tendo alcançado os objectivos pretendidos, serviu para acertar posições e dar força para o que aí vinha.

Agora, neste início de 2025, ano de eleições autárquicas, ao realizar novamente uma reunião com estas características, propunha-se colocar como objectivos: novamente a análise da actual situação política e social (que é imprescindível para nos situarmos – não há trabalho certo sem acerto de posições); fazer algum balanço do mandato que agora está a terminar; mas o que devia ser central hoje na nossa discussão era a intervenção CDU no que ainda falta de mandato e sobretudo a preparação das eleições de Setembro/Outubro para o Poder Local.

Eleições em que vamos avançar enquanto CDU, espaço unitário e de convergência de todos os que querem ver resolvidos os problemas locais das populações, dos seus concelhos e freguesias. Com a força do projecto de trabalho, honestidade e competência que é a nossa marca distintiva.

Vamos avançar com o objectivo regional de concorrer a todos os órgãos autárquicos. Tal como noutros anos, mantemos assim a confiança no reconhecimento e valor dos nossos eleitos e das nossas propostas, procurando não faltar em nenhuma freguesia com uma lista CDU, para que essa opção seja considerada por todos os que se revêm neste projecto e força política e nela possam depositar o seu voto.

Camaradas, será importante também situar o porquê de ser agora o momento deste Encontro e não antes ou depois.

Recordar que só no ano passado, para além de umas eleições legislativas, tivemos as eleições para o Parlamento Europeu; as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril (que ainda decorrem); todo o desenvolvimento da luta dos trabalhadores e das populações em torno dos muitos problemas e injustiças que se foram agravando, luta essa expressa em muitas acções, protesto e iniciativas; tivemos a Festa do Avante (que também dá muito trabalho a pôr de pé e a funcionar); e mais recentemente o 22º Congresso do PCP, que decorreu em Dezembro, mas que levou meses com reuniões de discussão e envolvimento de milhares de camaradas e amigos na sua preparação e realização.

Foram tempos de muita exigência ao qual o colectivo foi chamado a dar a resposta.

Um sublinhado para o êxito que constituiu a realização do Congresso do Partido. Usando as palavras do Secretário Geral - Paulo Raimundo, “foi um banho de realidade, foi uma manifestação de força, determinação, coragem e esperança para quem procura uma vida melhor “.

Foi um grande Congresso, que ajudou e deu ferramentas para estes tempos de luta e intervenção.

E esta reunião não é mais para a frente porque é preciso intensificar, nalguns casos de começar a dar passos, no sentido da preparação das eleições, e a melhor forma de o fazer é puxando agora, já, no início do ano, as organizações para planificar e tomar medidas com vista à execução da tarefa. Quanto mais cedo se avançar no trabalho, a fazer contactos e a mobilizar para apoiar a CDU, mais cedo juntamos elementos de confiança e força para esta batalha.

Camaradas e amigos, sobre o quadro político e social em que vamos disputar as eleições deixem-me ser realista e dizer que será um dos mais difíceis dos últimos anos.

São vários factores a contribuir para isso. Desde logo toda a evolução no quadro político nacional com o resultado das eleições legislativas do ano passado, que permitiram a formação de um governo do PSD/CDS, que está a acentuar a política de direita, com a execução do seu programa e agenda reaccionária.

Um governo ao serviço dos grupos económicos e que tem a Iniciativa Liberal e o Chega como forças de suporte às suas opções políticas de fundo, mas que no essencial também conta com o PS para fazer passar a política de classe em curso, como bem se viu com a aprovação do Orçamento de Estado para este ano.

E as marcas destas opções são bem visíveis na actual situação social e económica.

Estão visíveis nas dificuldades que os trabalhadores sentem na sua vida, fruto da intensificação da exploração, nos baixos salários, na injusta repartição da riqueza criada, no ataque a direitos, na qualidade dos vínculos laborais e horários desregulados.

Dificuldade encontradas pelos reformados, que com baixas reformas e pensões que não conseguem suportar o custo de vida.

Dificuldades para os jovens que continuam a sair do país à procura de soluções noutras paragens.

Dificuldades para a generalidade da população que vê a deterioração dos serviços públicos avançar. É o SNS, alvo de brutal ataque, que não consegue dar resposta aos utentes que dele precisam. É a escola pública que não tem as condições para os seus alunos e profissionais – começou o 2º período do ano lectivo e continuam milhares de alunos sem aulas por falta de professores.

Dificuldades para quem vê negado o acesso à habitação, direito constitucional que não está a ser cumprido, pelo contrário, é cada vez mais difícil ter casa, comprar ou pagar para a ter.

São alguns exemplos que espelham bem as dificuldades sentidas e que contrastam com os escandalosos lucros dos grupos económicos.

Cada vez que saí um novo balanço económico vêm sempre números maiores que os anteriores, o que demonstram bem o resultado de anos a favorecer o Capital, as grandes empresas, os grupos monopolistas que dominam a nossa economia, exploram brutalmente quem trabalha, nivelam por baixo salários e direitos, asfixiam as micro, pequenas e médias empresas, que desprezam os interesses e a produção nacional.

A ter em conta também, neste quadro nacional, é a constante divulgação e promoção de concepções, projectos e forças reaccionárias, que só servem para cumprir o papel estratégico que o capital lhes determinou: que é o de criar o divisionismo nos trabalhadores e nas massas, de desviar atenções dos reais problemas e a falta de soluções, de ocultar as causas das injustiças e com isso conseguir agravar a exploração, atacar a democracia e o regime democrático, tendo o PCP e a CDU como alvos políticos principais.

Estamos num nível bastante elevado de implementação desta estratégia, como se pode ver todos os dias na comunicação social, mas não só aí, os meios empregues são abundantes e vão ser com certeza aposta forte para estas eleições autárquicas, procurando introduzir mais elementos de forma a destabilizar e baralhar as populações. E o Algarve é aposta forte para esta ofensiva.

Na situação internacional, a evolução é também negativa e preocupante.

A confrontação militar e a guerra, a ingerência e a desestabilização, a crescente corrida aos armamentos, as sanções e bloqueios, o uso da fome e a privação de bens essenciais, são expressões que o imperialismo utiliza, que, para além das consequências que estão a ter todos os dias em milhões de vidas humanas, trazem o perigo de potenciar um conflito à escala global.

É um quadro muito preocupante, que não pode deixar ninguém indiferente, que tem obrigatoriamente de nos levar à acção e à mobilização pela PAZ, pelo fim da guerra e dos conflitos, contra o genocídio e o massacre de povos.

Fica o apelo à participação, de todos, nessa grande jornada de luta pela Paz e solidariedade que vai ser a manifestação “Todos juntos pela Paz” no próximo Sábado em Lisboa.

 

Camaradas e amigos,

A nível regional a situação não é diferente do país, e é ainda agravada por factores relacionados pela economia continuar a estar afunilada e subordinada exclusivamente ao sector do Turismo.

É uma região que não dinamiza todo o potencial dos sectores produtivos como a pesca, agricultura e alguns tipos de industria, que continua com atrasos estruturais e falta de investimento público.

Os serviços públicos estão fragilizados, há problemas na habitação, na mobilidade e transportes e na recolha dos resíduos e lixos.

O que aparece de projectos, alguns usando o PRR, não altera de fundo a situação.

Regista-se e valoriza-se a decisão de avançar com a construção da ponte internacional Alcoutim-San Lúcar, o arranque das obras da variante de Olhão ou o fim das portagens na Via do Infante, que são obras estruturais de grande importância para a região, mas dado o seu atraso crónico não conseguem alterar a avaliação negativa que se faz.

Há a questão da falta de água, que tem estado muito presente nos discursos do governo ultimamente com anúncios de várias soluções, mas quanto à garantia de que a sua gestão e controlo permaneçam públicos e a sua acessibilidade ser para todos, isso este governo não dá, pelo contrário fica a preocupação.

Nós temos tomado posição, apresentado soluções e avançado com iniciativa para a resolução de muitos destes problemas regionais. Consecutivos governos do PS e do PSD/CDS não têm dado a resposta necessária, muitas vezes optando por empurrar para a gestão autárquica essa resposta, como acontece tantas vezes por exemplo na construção e manutenção de infraestruturas e equipamentos públicos, fugindo assim às suas responsabilidades e deveres constitucionais.

Camaradas,

Não me alongava muito mais, deixava que viessem outras intervenções, há camaradas que irão colocar linhas de trabalho para esta preparação, temos experiências, realidades e informações para partilhar, questões para serem levantadas e discutidas.

Hoje precisamos de fazer outra vez uma boa discussão franca e realista, em que as dificuldades poderão estar presentes, que as há sabemos disso, mas as possibilidades, a confiança, o ânimo e a vontade de trabalhar e lutar por uma vida melhor têm de ser a conclusão final deste nosso Encontro CDU.

Disse.