Direcção da Organização Regional do Algarve
Universidade do Algarve: crescem as preocupações
Quando há uns meses atrás o PCP manifestou as suas preocupações relativamente à Universidade do Algarve, para as consequências que a política do Governo iria ter sobre ela, e também sobre o modelo de desenvolvimento regional que é implementado, algumas vozes consideraram que essas preocupações não tinham fundamento. Pois bem, alguns meses passados a realidade e a verdade impuseram-se e confirmam as preocupações do PCP.
A política do sub financiamento e a implementação da lógica empresarial, em que os alunos são a mercadoria, começam a trazer ao de cima todo um vasto conjunto de problemas e de habilidades para superar as dificuldades, desde logo o prosseguimento da linha de fazer recair sobre os alunos e as suas famílias a obtenção das receitas através do aumento das propinas.
A lógica do Governo PS de eliminar os cursos com menos de 20 alunos constitui uma visão atentatória do interesse nacional, na medida em que tal conduzirá à perda de capacidades nacionais. Em vez de linhas de incentivo que conduzissem ao reforço do número de alunos, impera a lógica economicista, a lógica do que possa ser ou não rentável.
Este caminho não está desligado de uma visão da educação como mercado global europeu, que se tornou mais presente com a implementação do processo de Bolonha e com o novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior. Tal lógica, resulta do interesse do capital em limitar a formação da força de trabalho, criando espaços económicos onde predomina o baixo valor acrescentado. É este o processo em curso, conduzindo à estratificação dos sistemas de ensino, com escolas frequentadas por uma maioria e um outro pequeno grupo de escolas frequentadas pela elite económica e social.
O modelo de desenvolvimento regional que vem sendo seguido, e que tanto entusiasmo suscita no Poder regional do PS e do PSD, não comprime só o tecido económico e social regional, comprime também as próprias possibilidades de afirmação da Universidade do Algarve. Tal terá também consequências ao nível dos professores, desde logo os precários, e também ao nível dos trabalhadores.
O PCP reafirma a sua convicção de que este não é o caminho que serve Portugal e o Algarve e que é possível e necessário outro rumo que rompa com a sucessiva política do mais do mesmo.
O PCP reafirma que aquilo que se impõe é um sistema de ensino, um sistema científico e técnico e uma política cultural virados para a formação integral dos portugueses. Um sistema que seja entendido como factor nuclear do desenvolvimento económico e social. Um sistema que se baseie no primado do ensino como um direito de todos e de cada um, assente numa Escola Pública de Qualidade, Inclusiva e Gratuita, que valorize o papel da Ciência e Tecnologia.
14 de Fevereiro de 2008
O Secretariado da DORAL do PCP