
Luís de Camões nasce quando passam pouco mais de vinte anos do momento em que a frota de Vasco da Gama abre a primeira Rota que une os dois oceanos, o Atlântico e o Indico, em direcção à Índia e que o imortal poeta da Epopeia de “Os Lusíadas” celebrará, como nos diz Óscar Lopes, como símbolo do começo desta fase de inter-relação transoceânica e omnicontinental.
Pensei que poderia ser útil para o nosso debate, antes de quaisqueroutras considerações sobre a obra de Camões, como poeta do povo e da pátria e que, com muito mais propriedade, nos falará Carina Infante do Carmo, trazer a traço largo esse mundo que a consigna das Comemorações do V Centenário do nosso poeta, promovidas pelo PCP, afirma ser um “mundo em mudança”.
Útil, pensamos, desde logo, porque são variadas as perspectivas e leituras que se apresentam visando situar o mundo desse tempo de grandes mudanças e também de grandes contradições que a obra de Camões vai reflectir, nomeadamente trazendo o que uma certa historiografia anglo-americana revisionista da história hoje omite e desvaloriza quando não estigmatiza o passo dado pelas navegações portuguesas e evidenciar o que o nacionalismo ultramontano e fascista ocultou e manipulou, durante 48 anos, em Portugal – o colonialismo com toda sua violência.
Faço-o conduzido pela mão da investigação e da reflexão de grandes figuras do pensamento, da historiografia portuguesa e da cultura que citarei.
Foi, portanto, há pouco mais de meio milénio atrás que se iniciou a fase do reconhecimento global do nosso planeta que as viagens transoceânicas permitiram.
Essa fase que a primeira revolução burguesa da Europa, à escala de um país — a portuguesa revolução de 1383-1385 — impulsionará, ampliando os horizontes de uma experimentada burguesia comercial marítima que estava, há mais de um século, no mar a navegar – a fase das Navegações no mar oceânico e que conduz ao período que abre o tempo das descobertas geográficas.
Falamos do séc. XV e da 1.ª parte do séc. XVI, como apropriados para falar de descobertas – no dizer do Prof. Luís Albuquerque.
Essa época que se inicia, em 1415, com a conquista de Ceuta, no quadro em que está presente uma sangrenta conflitualidade entre reinos muçulmanos e os portugueses no prolongamento das guerras da Reconquista, de ataques e invasões mútuas e de mútuo domínio do estratégico estreito de Gilbraltar e portos do Mediterrâneo. Mas são essencialmente e, sobretudo, fortes e determinantes razões económicas que estão na origem da iniciativa da conquista a que se junta uma lateral preocupação guerreira medieval cavaleiresca da nobreza portuguesa.
Razões económicas bem evidentes: - Ceuta era, como nos explica Borges Coelho, “um nó saliente das duas grandes rotas terrestres que circulavam em solo marroquino: a que vinha do Oriente, com especiarias e as sedas, e a que, por Tombuctu e Messa, trazia da África negra o ouro e os escravos.”
Duas rotas terrestres que à medida que o século avança vão enfrentar sérios problemas, com impacto na actividade comercial e interesses da burguesia marítima e terrestre. Primeiro a de África que encolheu para o interior. Depois a do Oriente que aparece cada vez mais condicionada pelas mudanças de mãos dos territórios da rota – a denominada da seda - e que vai ser confrontada, a partir de meados do século XV, com a ruptura imposta pela tomada pelo Império Otomano de Constantinopla, fechando-a.
Acontecimentos que empurram de forma crescente para o Mar e pela costa africana abaixo a navegação portuguesa e os interesses comerciais associados à procura das fontes de tudo o que passou a escassear, para alimentar o novo sistema social que despontava e paulatinamente se afirmava – o capitalismo mercantilista.
Não vos maçarei, nesta tentativa de enquadramento histórico, com o relato desse caminhar mar adentro e terra abaixo. Mas tão só evidenciar, na relação com Camões, as novas realidades que influenciaram a sua visão do mundo e que se expressam na sua obra, nomeadamente na Epopeia. E, de alguma forma trazer para o debate, sempre polémico, admitimos, e que hoje continua e onde são visíveis duas grandes correntes de opinião sobre a natureza do empreendimento marítimo, sobre o que significou e sobre o seu impacto na vida da humanidade.
No fundo, que mundo em mudança era esse que se abria ao progresso, como pensamos, transportando, ele também, um mar de contradições e dramas brutais.
Saber desde logo se as Navegações são, como muito justamente caracterizamos, um grande e enorme passo no desenvolvimento de um novo sistema social mais avançado que desponta em ruptura com o sistema de servidão feudal dominante na Europa, mesmo arrastanto as contradições e a violência inerentes a todos os sistemas de exploração – um passo novo dado, num mundo em transição que se abre à crescente afirmação da razão humana e do próprio homem na sua caminhada milenar. Ou se as vemos apenas e tão só – como alguns pretendem – na sua exclusiva relação com a ampliação da escravatura, o posterior tráfico transatlântico e a emergência do sistema colonial, aliás, ele próprio parte integrante do sistema capitalista nascente – esse sistema que explora simultaneamente os povos que irão ser colonizados e os trabalhadores e os povos das metrópoles dos países colonizadores.
Perspectiva esta particularmente assumida em significativos meios anglo-americanos (académicos e institucionais), em que a postura dominante é a desvalorização das descobertas e do que trouxeram de novo na caminhada da história da Humanidade, ignorando-as ou vendo-as como um simples episódio da expansão europeia, hegemónica e colonialista.
Perspectiva que, traduzida para Camões, que celebra esse feito e o tempo novo de navegação e descoberta, o transformaria, simplesmente, no poeta do colonialismo que não é, e não, o Camões que na sua obra cantou, no dizer de José Gomes Ferreira, «a epopeia sem rival nos tempos modernos» !
Se aceitamos ver o mundo de Camões naquela versão da história feita de verdades parciais ou o que se impõe, superando enviesamentos estreitos, é olhar o todo – a sociedade e o mundo - no seu evoluir contraditório, onde se combinam progressos nos mais diversos domínios, novas forças produtivas, assentes em relações de produção caducas, umas – a escravatura - novas outras, crescentemente assentes no trabalho assalariado . Todos concorrendo para a acumulação primitiva do capital.
É esta a opção que temos tomado e continuamos a tomar, a de olhar a história inteira, sem omissões, nem subterfúgios, como o assumiu Álvaro Cunhal, quando perante as operações de propaganda fascista justificativas da política colonial, afirmava: «Os portugueses têm razão de estar orgulhosos da epopeia dos grandes descobridores (…) Mas não se pode solidarizar com as rapinas, as violências, os crimes monstruosos, de que se tornaram culpadas as classes dirigentes a seguir a estas descobertas. Não pode estar de acordo com a brutal exploração secular dos povos coloniais, com os castigos corporais “tradicionais”, com a escravatura e o tráfico de negros, com as guerras de conquista e de extermínio».
Foi essa clara distinção entre esse empreendimento inicial, impulsionado por uma burguesia marítima e comercial com objectivos que estavam para lá do tráfico esclavagista, embora presente e naturalizado em todo o mediterrâneo (nas ilhas da Sicília, Creta, Chipre e em territórios dos continentes envolventes) e replicado com as mesmas características nas novas ilhas atlânticas despovoadas e descobertas no período das Navegações (Madeira/Açores/Cabo Verde/S.Tomé) e o que posteriormente se seguiu de ocupação e colonização efectiva de territórios de outros povos, com os dramas e a violência que atrás se pôs em evidência.
Nesse tempo, em que a escravatura não tinha cor e era o prolongamento do tráfico medieval de escravos, como no-lo mostra Vasquez Prado na sua História Económica Mundial e a entrada sobre a “Escravatura” do I Volume do “Dicionário da História dos Descobrimentos Portugueses (Luís Albuquerque/Contente Domingues). Era branca quando vinha do Cáucaso ou Balcãns, negra quando vinha de África e de outros colorações quando vinha do Oriente. A escravatura era, de facto, uma tragédia antiga e presente e continuou com o novo sistema que nascia e que vai assumir outra dimensão e consequências na 2.ª metade do séc. XVI, com o tráfico transatlântico e a colonização do Brasil.
É para nós inquestionável que as navegações inauguraram uma nova Época no mundo de então. Uma época exaltante!
Uma época que coincide com a posição mais avançada dos portugueses como povo no contexto do desenvolvimento da Humanidade. Um contributo para o progresso colectivo que exigia uma coragem brutal para enfrentar, durante meses, mares totalmente desconhecidos e em embarcações frágeis, sujeitas a brutais tempestades, doenças e não mais regressar.
Uma nova época em que o mundo se descobre em cada viagem no Mar Oceânico. Esse Mar, diferente do Mar Interior, que Camões descreve e canta com os seus novos fenómenos e perigos ameaçadores.
Se descobre não apenas o caminho marítimo para a Índia e para o Brasil, unindo continentes e ilhas que não tinham ninguém e ninguém sabia da sua existência.
Como se descobre que passando o Equador havia gente com a mesma morfologia e não outra, como os mitos cristãos e pagãos revelavam ao descreverem homens com cabeça de cão e corpo como os nossos e que, também, ao contrário do que os gregos diziam, não andavam de pernas para o ar.
E nesse navegar de descoberta demoliram muito pensamento falso. Não todo, mas muito! Descobriram que o seu temor de cair no desconhecido para lá do Equador era infundado, porque não havia a menor ideia da gravidade.
Descobrindo mares, terras e povos refutavam Ptolomeu e o limitado mundo do seu mapa. Refutaram Santo Agostinho e os próprios Evangelhos, como nos diz Borges Coelho nessa marcante síntese que elaborou: “Contra Ptolomeu provam que o Índico comunicava com o Atlântico. Contra as invectivas de Santo Agostinho mostravam a existência dos antípodas. Contra o Evangelho mostravam que a terra era redonda e não quadrada. Contra Platão, exaltava-se «o saber de experiência feito», o saber do olho sensível face ao saber do olho da alma”.
Um tempo que não é apenas de descobertas geográficas, mas de todo um conhecimento. Não é ainda um momento de ruptura no plano da ciência moderna. Não é a revolução científica, mas é a sua aurora, como diz Onésimo Teotónio Almeida no seu Século dos Prodígios. E era assim, porque os homens desse tempo ainda não se tinham libertado de todos os obstáculos do modelo bíblico-aristotélico, nem completamente do modelo da geografia de Ptolomeu, entre outros.
É tudo isto que os Lusíadas exaltam, como nos diz Óscar Lopes, “a maior contribuição do povo português para o processo humano: os descobrimentos, a abertura das relações através dos oceanos, num processo histórico ainda hoje não terminado, processo que tem incluído (e continua a incluir) grandes conflitos, desumanidades colonialistas e imperialistas (…)”
As Navegações desempenharam, de facto, um papel decisivo na afirmação de uma nova mentalidade e foram os propulsores da actividade criativa na ciência e na cultura que se reflectiu na capacidade empreendedora dos portugueses do século das Navegações, com impacto em toda a Europa.
Os ventos que primeiramente sopravam da Itália Renascentista e que pesavam e influenciavam a acção criadora de Camões encontravam, em Portugal, agora o terreno propício ao desenvolvimento do espírito crítico, da experimentação e da procura do novo que levava ao questionamento do adquirido por séculos de pensamento dogmático, imposto pelas autoridades religiosas.
Era a experiência do vivido noutras paragens e noutras terras que levavam os portugueses à interrogação e os libertava das falsas visões do mundo, das superstições e do saber escolástico assente nas verdades absolutas e indiscutíveis da física aristotélica, elas também suportes complementares dos dogmas da fé.
É Garcia de Orta, médico de D. João III, que o confirma, com a sua própria opinião, no Colóquio dos Simples e Drogas da Índia, obra de grande sucesso internacional na época, quando nos diz que se não tivesse saído da Europa não teria ousado pôr em causa e libertar-se das ideias feitas e, como muitos outros, não teria passado de um simples comentador dos textos tutelados pelas autoridades. Esse mesmo que nos disse “sabe-se mais num dia agora pelos portugueses do que se sabia em cem anos pelos romanos”.
Eram as Navegações que Camões canta que forçam os portugueses “ao exame directo dos fenómenos da natureza” e as “necessidades da pilotagem ao estudo da matemática”, que tem, no mestre Pedro Nunes, a expressão mais alta e mais prestigiada no domínio desta ciência, naquele tempo em Portugal.
Era a Navegação que dando a conhecer novos mares e novas terras, também obrigava à observação de novos céus, novos climas e de novas realidades que não cabiam nas limitadas explicações do pensamento escolástico e o contradiziam.
Perante o novo, os portugueses aguçaram os seus sentidos, as suas capacidades de descrição e raciocínio e uma atitude inédita - a experimentação.
São as Navegações que levam ao desenvolvimento de avanços importantes nas áreas como a geografia, cartografia e astronomia, entre outras.
É pela mão de Duarte Pacheco, através do seu manuscrito - Esmeraldo - que a Europa daquele época conheceu, em letra de imprensa, que Gutenberg acabava de descobrir e era introduzida na Europa – com enorme impacto na escrita e, consequentemente na divulgação do pensamento, que conhecemos a nova atitude dos portugueses mais avisados que buscavam, na observação atenta e na experimentação, a explicação das coisas do mundo, confrontando-as com o saber cristalizado e redutor da Autoridade.
É essa descoberta que Camões canta “ Veja agora os sábios da escritura/ que segredos são esses da Natura”.
É esse espírito crítico, liberto de peias que caracterizava a constelação de homens de ciência e de cultura do renascimento português, de outros como Damião de Góis, D. João Castro, Duarte Barbosa e onde está Camões, cuja obra expressa também essa visão nova que foi capaz de captar a realidade do mundo sempre em mudança para assumir novas qualidades.
Não sem as contradições desse mundo novo que nascia e sem o conhecimento do muito que faltava saber e que outro homem do seu século – Copérnico, questionando o dogma, começava a desvendar – que era a terra que girava à volta do Sol e não o contrário.
Esse mundo que tem em Luís de Camões o “homem no centro” e em devir pelas suas próprias mãos e o vai expressar na sua obra épica e lírica.
Nessa obra que, como nos diz Armando de Castro, Camões «canta, antes de mais nada a auto-realização humana, afirma-a como sentido essencial da própria existência do homem».
E é, partindo deste corolário, que Camões exprime no plano estético, essencialmente na sua obra épica “Os Lusíadas” a contribuição portuguesa à aventura colectiva da humanidade e que é, ao mesmo tempo, uma afirmação de patriotismo, desde logo, pelo facto de nela, para lá da gesta marítima, estar toda a história de Portugal e nela estar expressa a dimensão colectiva do herói da Epopeia “ Que eu canto o peito ilustre lusitano”(narrada embora numa visão individualista e cavaleiresca, através dos notáveis da nação).
Patriotismo que se manifesta num tempo em que a grande aristocracia via com bons olhos a possibilidade da integração da coroa portuguesa na coroa da vizinha e poderosíssima Castela (e a que alguns estratos da grande burguesia também não se opunham), possivelmente admitindo que essa união viria ampliar as suas possibilidades de desenvolvimento da actividade comercial e financeira, a exploração e os lucros.
Possibilidade transformada em realidade, em 1580, exactamente no ano em que Camões morre em Lisboa, pobre e praticamente só. Ano em que Portugal perdia a independência, a favor de Castela, dando-se início ao domínio filipino que perduraria por 60 anos. Independência perdida que seria o povo a restaurar, em Dezembro de 1640.
Patriotismo que significa, também, a plena identificação de Camões com a defesa da vida colectiva de um povo, da sua autonomia dentro do seu arranjo económico-social e historicamente determinado, que é Portugal. E que igualmente significa a atitude de um povo que proclama e defende a sua identidade cultural.
Não certamente por acaso, Camões foi, ao longo dos séculos, uma arma e uma bandeira na defesa da soberania da Pátria, em todas as suas manifestações, na defesa de uma consciencialização colectiva, na defesa da vida autónoma que os portugueses pretendiam, então como agora, organizar livremente.
Bandeira que mantém, hoje, plena actualidade quando sopram os ventos da dominação imperialista, da subordinação a inconfessáveis pretensões hegemónicas e a poderosos grupos externos (seja dos EUA, seja da UE, seja de outros pólos do imperialismo). Ventos que transportam pretensões à dominação económica, política e cultural – uma espécie de colonização cultural – em tudo contrária à possibilidade e necessidade do livre e autónomo florescimento das nações e impedindo as tarefas da sua própria promoção.
O patriotismo que Camões viveu, praticou e cantou e está presente na sua obra, onde, entre tantos exemplos que aqui podiam ser citados, podemos ver, na estrofe 10, do Canto I de Os Lusíadas, quando escreve:
Vereis amor da Pátria, não movido
De prémio vil, mas alto e quase eterno:
Que não é prémio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor supremo,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de tal gente.
Ou no episódio em que Vasco da Gama se dirige ao rei de Melinde, quando proclama:
Esta é a ditosa pátria minha amada
À qual se o céu me dá, que eu sem perigo
Torne, com esta empresa já acabada,
Acabe-se esta luz ali comigo.
[…]
Como sublinha António Borges Coelho, Os Lusíadas são o poema nacional, porque os seus heróis privilegiados são os lusíadas ou portugueses – e não este ou aquele português somente e, muito menos, este ou aquele rei ou chefe – e porque, mais do que qualquer outra obra escrita, marca indelevelmente o curso da Língua Portuguesa.
É também este o sentido das palavras de Álvaro Cunhal quando esclarece: «Camões não é a voz da reacção e do colonialismo. Camões é a voz do nosso povo, dos lusíadas, a voz da insubmissão ante os privilégios, a voz do progresso social e científico, a voz da nação portuguesa, num elevado sentido humanista».
Sabemos que os novos tempos e novos saberes que as navegações inauguraram tinham inimigos.
Na Europa, como em Portugal, o novo pensamento e as novas descobertas, o novo mundo que se abria estavam confrontados com os partidários de Aristóteles, guardiões do templo que suportavam a autoridade religiosa dominante e dos poderes seculares que a secundavam em arbítrio e prepotência.
Os mesmos que, lá fora, vão impor a Galileu a renúncia a tudo o que o seu telescópio mostrava, para garantir as verdades imutáveis, mostravam em Portugal, com a imposição da Inquisição, o rigor dos seus critérios sectários afundando e condenando à morte a nova cultura nascente.
Porém, em vão! Ela ressurgiu em cada século, afirmando-se como um período marcante da cultura e da vida nacional, como aconteceu em 1640,1820,1910 e, com particular expressão, na Revolução de Abril deixando a sua marca indelével nos seus valores. Valores que inspiram as nossas lutas na actualidade, com projecção no futuro.