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O Algarve e os trabalhadores da Ryanair não são descartáveisavião RYANAIR

A Ryanair procedeu, no início deste ano, a um despedimento colectivo no Algarve de mais de 80 trabalhadores. Estes tripulantes de cabine, cujo contrato de trabalho estava celebrado com a Crewlink (empresa de trabalho temporário ligada ao próprio grupo Ryanair), são atirados desta forma para o desemprego, confirmando uma política de afronta e violação sistemática dos direitos dos trabalhadores na qual se funda o modelo de negócio desta multinacional.

Este é só mais um dos muitos atropelos que a Ryanair tem vindo a impor aos direitos dos trabalhadores. Foi assim quando durante largos anos se recusou a reconhecer a legislação portuguesa no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores afectos à operação da empresa em Portugal, que só veio a reconhecer depois de uma intensa luta dos trabalhadores, embora continue sem a aplicar na sua totalidade. E tem sido assim, com a manutenção de elevados níveis de precariedade, com as constantes manobras de pressão, coacção e ameaça sobre os seus trabalhadores, impondo a desregulação de horários ou não reconhecendo os seus direitos de organização sindical.

A Ryanair é também conhecida pela recente chantagem que efectuou junto do País, ameaçando com o abandono da base localizada em Faro. Uma atitude, tão mais inaceitável quanto esta companhia de aviação tem vindo a receber ao longo dos anos largos milhões de euros de recursos públicos – incluindo de fundos comunitários – em nome do turismo e da abertura/manutenção de rotas.

Chantagem sobre a região do Algarve e o Pais, desrespeito pelos direitos dos trabalhadores, violação da Lei e da Constituição da República Portuguesa, despedimento arbitrário de dezenas de trabalhadores é este o percurso de uma multinacional que actua com completa impunidade sem que se conheça qualquer intervenção do Governo que não seja a de dar cobertura – em nome do turismo – a estes processos.

O PCP, ao mesmo tempo que manifesta a solidariedade com os trabalhadores da Ryanair, exigindo a reintegração dos trabalhadores despedidos e o respeito pelos direitos de todos os trabalhadores da empresa (incluindo com o cumprimento da legislação nacional), reclama do Governo uma atitude firme que ponha fim à impunidade com que esta multinacional actua no nosso País. Nem a região do Algarve nem o País, podem estar à mercê dos interesses dos accionistas desta ou de outras multinacionais. A defesa do Turismo em Portugal, reclama uma política que respeite e valorize os direitos dos trabalhadores e que não fique dependente das multinacionais e das suas operações de chantagem. Neste sentido, o PCP irá questionar o Governo na Assembleia da República sobre as medidas necessárias para garantir os direitos dos trabalhadores e os interesses do Algarve e do País.

Faro, 16 Janeiro de 2020

O Secretariado da Direcção da Organização Regional do Algarve do PCP